O “Global Wind Report 2022” do Global Wind Council (GWEC) destaca um ano importante no setor, mas exige um impulso político para atingir um horizonte de emissão zero

O ano de 2021 foi confirmado como o segundo melhor ano da história para o setor de energia eólica, conforme apontado no “Global Wind Report 2022” lançado pelo Global Wind Council (GWEC). Assim, durante 2021, e apesar da situação instável causada pelos estragos da COVID-19 na cadeia de suprimentos e na economia global, cerca de 94 GW de capacidade foram instalados em todo o mundo; um número 1,8% menor que o recorde alcançado em 2020. E a abençoada pandemia teve um claro impacto na desaceleração de investimentos e instalações no setor eólico em mercados como Estados Unidos, Índia ou Taiwan, por exemplo. Apesar de tudo, os números anuais demonstram, nas palavras do próprio GWEC, “a incrível resiliência e trajetória ascendente da indústria eólica global”.

Com esses 93,6 GW (o número exato instalado em 2021), a capacidade global de geração eólica chega a 837 GW, acumulando um crescimento anual sustentado de 12%. Seja como for, a própria associação aponta que esse crescimento, embora positivo, ainda é insuficiente para atingir as metas de zero emissões líquidas de carbono até 2050. Assim, para atingir esses compromissos, que deixariam o aumento da temperatura global em 1,5 graus Celsius, seria necessário quadruplicar as instalações de energia eólica.

Crescimento anual do mercado de energia eólica

Em declarações de Ben Backwell, CEO da GWEC, a indústria eólica precisa de “políticas mais proativas” para atingir as metas de descarbonização energética mencionadas anteriormente. Para tanto, Backwell espera que “os últimos 12 meses sirvam como um importante chamado à ação para um avanço decisivo e uma transição para os sistemas de energia renovável do século XXI”. Backwell acrescentou que “os eventos do ano passado, que destacaram a exposição das economias e dos consumidores à volatilidade dos combustíveis fósseis e ao aumento dos preços da energia em todo o mundo, são sintomáticos da transição energética hesitante e desordenada; enquanto a invasão da Ucrânia pela Rússia expôs as implicações da dependência dos combustíveis fósseis para a segurança energética”.

Novas capacidades de energia eólica em 2021 por região e por país

Tendências do setor eólico em resumo

Em relação às tendências, o relatório reflete que os dois maiores instaladores globais de energia eólica – China e Estados Unidos – desenvolveram menos capacidade eólica onshore do que no ano passado, com 30,7 GW e 12,7 GW, respectivamente; embora outras regiões, como Europa (19%), América Latina (26%) e África-Oriente Médio (120%), tenham compensado esse declínio ao atingir novos recordes.

Por outro lado, o subsetor de energia eólica offshore (aquela instalada em águas abertas, seja ancorada no fundo do mar ou em plataformas flutuantes) viveu seu melhor ano da história, atingindo a cifra nada desprezível de 21,1 GW em encomendas. O culpado? A gigante chinesa, que foi responsável por 80% desse crescimento, destronando o Reino Unido como o país com maior capacidade instalada de energia eólica offshore. Assim, 48% das instalações eólicas offshore em todo o mundo correspondem à China, 22% ao Reino Unido, 13% à Alemanha, 5% à Holanda, 4% à Dinamarca e os 7% restantes ao resto dos países como um todo.

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Além disso, o relatório mostra que a taxa composta de crescimento anual (CAGR) em instalações de energia eólica nos próximos cinco anos seria de 6,6%. Embora esse número isoladamente possa parecer insignificante, esse crescimento composto significaria o desenvolvimento de projetos no valor de 557 GW de capacidade instalada entre 2022 e 2026. No entanto, todo esse crescimento será condicionado pelos grandes desafios que a indústria enfrentará no horizonte, incluindo geopolítica, impactos sociais, a cadeia de suprimentos global e a resiliência do sistema elétrico.